Página do projeto artístico "Reconstruindo Exu" criado por Alexandre Furtado e Leopoldo Tauffenbach
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
Exu e a comunicação
"Exu" - desenho de Carybé para a Casa de Jorge Amado - Salvador, BA. |
As oferendas dos homens aos orixás devem ser transportadas
até o mundo dos deuses. Exu tem este encargo, de transportador. Também é
preciso saber se os orixás estão satisfeitos com a atenção a eles dispensada pelos
seus descendentes, os seres humanos. Exu propicia essa comunicação, traz suas
mensagens, é o mensageiro. É fundamental para a sobrevivência dos mortais
receber as determinações e os conselhos que os orixás enviam do Aiê. Exu é o
portador das orientações e ordens, é o porta-voz dos deuses e entre os deuses.
Exu faz a ponte entre este mundo e mundo dos orixás, especialmente nas
consultas oraculares. Como os orixás interferem em tudo o que ocorre neste
mundo, incluindo o cotidiano dos viventes e os fenômenos da própria natureza,
nada acontece sem o trabalho de intermediário do mensageiro e transportador Exu.
Nada se faz sem ele, nenhuma mudança, nem mesmo uma repetição. Sua presença
está consignada até mesmo no primeiro ato da Criação: sem Exu, nada é possível.
O poder de Exu, portanto, é incomensurável.
Trecho do artigo Exu,
de mensageiro a diabo. Sincretismo católico e demonização do orixá Exu, de
Reginaldo Prandi. (Revista USP nº50. São Paulo: USP, 2001. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/35275/37995)
sábado, 27 de abril de 2013
Exu para Jorge Amado
"Exu" - escultura de Mário Cravo Jr. Salvador, BA |
Não sou preto, branco ou vermelho;
Tenho as cores e formas que quiser.
Não sou diabo nem santo, sou Exu!
Mando e desmando, traço e risco, faço e desfaço.
Estou e não vou. Tiro e não dou.
Sou Exu!
Passo e cruzo. Traço, misturo e arrasto o pé.
Sou reboliço e alegria.
Rodo, tiro e boto; jogo e faço fé.
Sou nuvem, vento e poeira.
Quando quero, homem e mulher.
Sou das praias e da maré.
Ocupo todos os cantos;
Sou menino, avô, maluco até.
Posso ser João, Maria ou José.
Sou o ponto do cruzamento.
Durmo acordado e ronco falando.
Corro, grito e pulo.
Faço filho assobiando.
Sou argamassa, de sonho, carne e areia.
Sou a gente sem bandeira.
O espeto, meu bastão.
O assento? O vento! …
Sou do mundo, nem do campo, nem da cidade.
Não tenho idade.
Recebo e respondo pelas pontas, pelos chifres da Nação.
Sou Exu.
Sou agito, vida, ação.
Sou os cornos da lua nova; a barriga da lua cheia!…
Quer mais?
Não dou, não tô mais aqui
Mario Cravo Neto
Salvador, 17 de maio de 1993
(Disponível em: http://www.cravoneto.com.br/laroye/po/pag_72.htm)
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Quem é Exu
"Exu" - ilustração de Carybé |
Exu é o mais sutil e o mais astuto de todos os orixás.
Ele aproveita-se de suas qualidades para provocar
mal-entendidos e discussões entre as pessoas ou para preparar-lhes armadilhas.
Ele pode fazer coisas extraordinárias como, por exemplo,
carregar, numa peneira, o óleo que comprou no mercado, sem que este óleo se
derrame desse estranho recipiente! Exu pode ter matado um pássaro ontem, com
uma pedra que jogou hoje! Se zanga-se, ele sapateia uma pedra na floresta, e
esta pedra põe-se a sangrar! Sua cabeça é pontuda e afiada como a lâmina de uma
faca. Ele nada pode transportar sobre ela.
Exu pode também ser muito malvado, se as pessoas se esquecem
de homenageá-lo. É necessário, pois, fazer sempre oferendas a Exu, antes de
qualquer outro orixá. A segunda-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. É
bom fazer-lhe oferendas neste dia, de farofa, azeite de dendê, cachaça e um
galo preto.
[...] Exu pode ser o mais benevolente dos orixás se é
tratado com consideração e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor
de Exu. É preparar-lhe um golpe mais astuto que aqueles que ele mesmo prepara.
Trechos retirados do livro Lendas Africanas dos Orixás, de Pierre
Fatumbi Verger, com ilustrações de Carybé (Salvador: Corrupio, 1998).
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