Obra "Exu Leopoldo" diante de projeção de filme de Kenneth Anger. |
Em diversos textos publicados neste blog ressaltamos a diferença entre o orixá Exu e a classe espiritual que é cultuada na umbanda e na quimbanda. Enquanto o primeiro trata de uma divindade ancestral, os exus e pombagiras da umbanda e quimbanda são vistos como uma classe de espíritos que, em muitos casos, tiveram uma vida terrena e passaram a atuar após a morte.
No livro "O que é umbanda", a autora Patrícia Birman fala sobre o constante surgimento de novos exus e pombagiras:
Os exus, portanto, podem ser negros em uma versão, diabos redivivos em outra, malandros numa terceira, operários, nordestinos, ciganos e assim por diante. Então, as variações interpretativas, a invenção, a recriação na umbanda são um processo dinâmico e constante. Novas entidades, novas características, novos tipos estão permanentemente em elaboração a partir da mesma matriz.
BIRMAN, Patrícia. O que é umbanda. São Paulo: Abril Cultural / Brasiliense, 1985.
Partindo desse princípio dinâmico que favorece o surgimento de novas entidades, pensou-se na possibilidade de o artista se apresentar também como um exu, gerando a obra "Exu Leopoldo", exibida em novembro de 2015 na galeria Casa da Xiclet ao longo da exposição "15 anus de Brasil 500 anos".
Para a instalação criou-se uma imagem digital do artista assemelhando-se a uma das típicas esculturas devocionais da umbanda. A imagem serviu para a criação de uma peça gráfica de grandes dimensões e para ilustrar defumadores e santinhos que era distribuído ao público presente. O verso do santinho é composto por um texto poético estruturado como uma oração para a evocação de Exu Leopoldo. Aos pés da peça gráfica, objetos variados sugerem oferendas a Exu Leopoldo. Um alguidar vazio convidava os visitantes a deixar novas oferendas.
Caixas de defumadores "Exu Leopoldo" preparadas para a exposição. |
Santinho de Exu Leopoldo e oração do verso. |
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