O graffiti é, desde as suas origens, o resultado de uma acção de
subversão. Enquanto cultura, representa um conjunto de normas de acção,
de valores, representações e ideologias fundados tendo por referência
uma acção que é ilegal e, consequentemente, alvo de perseguição. As
identidades colectivas e individuais forjadas neste território à
margem (tempo e espaço sociais identificados como opostos à norma
social dominante) incorporam a ruptura, dramatizam o estigma,
capitalizam o desvio na elaboração de narrativas individuais e desígnios
colectivos.
[...]
O graffiti vive da visualidade, resulta de uma acção
individual e colectiva que usa os suportes visuais e uma determinada
linguagem para comunicar e construir sentido, para estabelecer lugares
sociais e hierarquias simbólicas.
Aqueles que se dedicam ao graffiti
trabalham na obscuridade, numa labuta persistente que serve de
legitimação à pertença a este universo. A existência (ou seja, o
reconhecimento da existência do indivíduo pelos seus pares) alcança‑se
pela acção, pela prática primordial que origina todo um modelo cultural
significativo para os agentes.
Neste contexto, o território e
a visualidade assumem‑se como dimensões a explorar de forma
estratégica na construção das identidades e do estatuto dos actores.
Usar a cidade, conhecer e utilizar o espaço edificado resulta num
processo de apropriação e dominação territorial que se encontra no cerne
de muitas culturas juvenis urbanas (Magnani 2002, 2005; Pais 2005). No graffiti é fundamental sinalizar a cidade, demarcá‑la com siglas que possam ser vislumbradas.
Imagem encontrada na rede social Facebook. Local, autoria e data desconhecidas. |
Pichação em dependências da Universidade Estadual do Ceará. Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=658387067576435&set=a.496214830460327.1073741826.291893304225815&type=1&theater |
Pichação sobre placa em Sorocaba. Fonte: http://noticias.gospelmais.com.br/totem-consagra-cidade-jesus-pichado-exu-59583.html |
Pichação em muro da cidade de Recife, 2014. Foto de André Dib. |
Graffiti sob o Minhocão, São Paulo, 2011. Fonte: http://www.minhocao.com/2011/10/grafite-no-minhocao-ze-pilintra.html |
Pichação em escultura "Exu dos Ventos", de Mário Cravo Neto, Rio de Janeiro. Fonte: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?cmm=92503&tid=5611617635448852670 |
Imagem encontrada na rede social Facebook. Local, autoria e data desconhecidas. |
Imagem encontrada na rede social Instagram. Local, autoria e data desconhecidas. |
Pichação no bairro do Bixiga, São Paulo, 2017. Foto de Alexandre Silva. |
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Pichação em escultura "Exu dos Ventos", de Mário Cravo Neto. Rio de Janeiro. Fonte: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?cmm=92503&tid=5611617635448852670 |
Pichação em bar não identificado em São Paulo, 2015. Foto de Luciana dos Anjos. |
Graffiti sob o Viaduto Antártica, São Paulo, 2013. Foto de Leopoldo Tauffenbach. |
Parabéns pelo seu trabalho, estou em busca do tema para uma homenagem que irá ocorrendo no Rio de janeiro, na Lapa no dia 07/07/2022.
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