segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Exu na Espanha - parte 2

Com dois endereços na cidade de Madri, a loja Santeria La Milagrosa (http://www.santeriamilagrosa.com/) possui um vasto catálogo de produtos de diversas religiões, com destaque às de origem afro-americanas, que inclui não só a Santeria evidente em seu nome, mas também a Umbanda, Quimbanda, Vodu e Palo Mayombe.

O ensaio abaixo foi produzido na loja do centro da cidade, próxima a Puerta del Sol, onde se situa o marco zero de Madri. Clique nas imagens para vê-las em tamanho ampliado.

Recipiente para assentamento de Elegua.

Imagens de Elegua montado.

Detalhe de recipiente para assentamento de Elegua.

Imagem de Exu do Lodo.

Imagem de Pombagira Rainha e de Santo Antônio como Exu.

Imagem de Exu 7 Catacumbas.

Velas antropomórficas para rituais.

Vela para Exu.

Óleos e velas rituais para Elegua.

Imagem representando Elegua.

Imagem de Exu Rei.

Cargas de Elegua.

Imagens de exus e pombagiras.

Colar de Elegua.

Óleo para ritual de Exu.

Sabão ritual de Exu.

Defumadores

Extratos de ervas rituais.

Chocalho de Elegua.

Recipiente para assentamento
guardado por duas representações de Elegua.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Exu na Espanha - parte 1

Até o início do século XIX, a Espanha ocupava a maior parte do território do continente americano. Logo no início do processo de conquista, diante das dificuldades de se escravizar a população nativa, a Coroa Espanhola autorizou às colônias a importação de mão de obra escrava da África. Embora a Espanha tenha sido responsável por apenas 4% do trânsito  da África às Américas, foi o principal consumidor dos aproximadamente 10 milhões de escravos que aportaram no continente, traficados em grande parte pela Inglaterra e Portugal¹. Embora em números infinitamente menores, a presença de escravos na Espanha peninsular também deve ser considerada.

Passado mais de um século após a independência das colônias, a Espanha hoje abriga uma população de mais de 5 milhões de estrangeiros; mais de 10% de sua população total. Destes, a maioria é composta por latino americanos, segundo dados oficiais de 2013². Obviamente, a presença estrangeira implica também na presença de bagagens culturais trazidas por estes diferentes povos. Em Madri, capital da Espanha, as diversas lojas de artigos religiosos voltados a cultos como a Santeria e Umbanda atendem as necessidades de seus devotos, fornecendo materiais necessários à realização de cultos e rituais.

O ensaio abaixo foi realizado na loja El Alquimista (http://www.alquimista.es/), situada próximo à Plaza Mayor, um dos principais cartões postais de Madrid. Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior.

Literatura para Quimbanda.

Imagem de Elegua com chapéu de palha.

Imagem de assentamento de Elegua.

Imagem de Elegua montado.

Guias de Elegua.

Artigos para rituais de Pombagira.

Velas em formato de crânio para trabalhos com Exu e Santa Muerte.

Imagens de exus e pombagiras.

Caldeirão com garfos de Exu.

Velas em formato fálico para trabalhos com exus e pombagiras.

Imagens de exus e pretos velhos.

Imagem do Exu Capa Preta e Exu Tatá Caveira.

Sabão ritual para trabalhos com Pombagira.

Velas para rituais de Exu.

¹ ELTIS, David; BEHRENDT, Stephen D.; RICHARDSON, David. A participação dos países da Europa e das Américas no tráfico transatlântico de escravos. Revista Afro-Ásia. n. 24. Salvador: UFBA, 2000. Disponível em: <http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n24_p9.pdf>.
² INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. Cifras de Población a 1 de enero de 2013 – Estadística de Migraciones 2012. Madrid, 2013. Disponível em <http://www.ine.es/prensa/np788.pdf>.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Exu na Santeria

Bastão ritual de Exu - Iorubá
<http://www.hali.com/news/tribal-art-returns-to-parcours-des-mondes-paris/>

Exu (ou Eshu) é um orixá que rege as manifestações do malévolo. Para que o bem se manifeste, há de se ter consciência do mal. É o responsável por armadilhas e por enganar tanto os homens quanto os orixás. Representa as desgraças que se abatem em nossa vidas quando não estamos em sintonia ou equilíbrio com as coisas à nossa volta. Exu é responsabilidade somente dos sacerdotes, que se encarregam deles, e não faz a cabeça de ninguém e tampouco se assenta. A maioria dos orixás é acompanhada por um Exu específico.

A dupla Elegua - Exu representa o constante vínculo entre o positivo e o negativo, lembrando que toda mudança exige uma crise. Quando um lar está protegido, nota-se a presença de Elegua, e quando surgem problemas é porque Exu apareceu. Os ocidentais confundiram Exu com o diabo, mas em nada se assemelham, já que seu objetivo é semear o caos para que se tomem atitudes para recuperar o equilíbrio.

Diferentes caminhos de Exu na Santeria:
Eshu Abalonke: o que guia a alma dos mortos
Eshu Abainukue: guardião dos terreiros
Eshu Abarikoko: intermediário dos terreiros contra denúncias infundadas
Eshu Aberu: o que recebe os sacrifícios
Eshu Aboni: protetor contra magia negra e feitiços
Eshu Afradi: o ajudante de Ifá
Eshu Aganika: conhecido por ser mau e extremamente perigoso
Eshu Agbadé: o que vive junto a Obbatalá
Eshu Agbalonké: o que guia os eguns
Eshu Agbanile: o que ajuda no transporte e limpeza dos ebós
Eshu Agongo Olo Onya: o que vive nas margens do caminho
Eshu Agongo Ogo: o que ataca os adversários e defende dos inimigos
Eshu Agogo: o que preside as horas
Eshu Agomeyo: o que vem da terra de Oyó
Eshu Agroiele: o ajudante de Ifá da nação Arará
Eshu Aiyede: o que leva as orações dos homens e dá a luz das visões proféticas
Eshu Akarajéu: o que tomou o raio de Shango e o fez engolir
Eshu Akere: o que vive sobre as montanhas
Eshu Akokolebiye: o brincalhão
Eshu Alagbóna: o chefe dos egungun, responsável por infligir castigos e desgraças
Eshu Alakétu: representante da sensualidade e sexualidade
Eshu Alawana: dono das trancas, representa a desesperança e o infortúnio
Eshu Alayikí: glutão e imprevisível, representa a traição e o inesperado
Eshu Alimu: o que trabalha com Babalú Ayé
Eshu Aloma: enigmático, ataca com fogo e tem ligação com os mortos
Eshu Alufama: responsável pelo matrimônio
Eshu Añaki Olokun: senhor da sabedoria, rege os sentimentos incompreendidos
Eshu Aroni: conhecedor dos segredos mágicos, mas extremamente violento
Eshu Aselu: o que vigia os erros dos filhos de santo
Eshu Ashikuelu: senhor da terra, ajuda no cultivo e na fertilidade
Eshu Awaloboma: o que trabalha com o destino dos iniciados junto ao Ifá
Eshu Awere: o que reconcilia os inimigos e ajuda os perdidos
Eshu Ayé: o que trabalha com Olokun
Eshu Barabé: o que está sempre pronto a transmitir as mensagens aos orixás
Eshu Baradage: o que trabalha com serpentes e caminha com Ogun
Eshu Baralajiki: amante de festas, protege contra a falsidade
Eshu Baralona: senhor dos caminhos, capaz de mudá-los para o bem ou mal
Eshu Barañiki: revoltado e caprichoso, representa as surpresas, o inesperado
Eshu Barokeño: o que gosta de confundir
Eshu Batioye: o que vence todos os obstáculos
Eshu Beleke: conhecedor dos remédios e das ervas que curam
Eshu Bí: apreciador de maldades e causador de toda sorte de acidentes
Eshu Birí: o que está sempre viajando, encontra soluções a todos os problemas
Eshu Bode: guardião que acompanha egun
Eshu Dare: o que traz as bênçãos de Oloddumare
Eshu Diki: o anfitrião, ajuda a criar e fortalecer amizades
Eshu Ekileyo: protetor dos que buscam conhecimento
Eshu Ekuboro: representante da vida e da morte
Eshu Elegbara: o que controla os ebós e sacrifícios
Eshu Emere: o que vive forrado de contas e conchas
Eshu Esherike: amigo de Ossain
Eshu Griyelú: o guia de Olófin
Eshu Igidé: o que abre os caminhos dos montes
Eshu Ijelú: apreciador da dança, está relacionado com os tambores
Eshu Iña: representa o fogo sagrado e purificador, que impulsiona o movimento
Eshu Kaminalowá: o que abre os caminhos para as almas dos recém falecidos
Eshu Laboni: o mensageiro de Oshun
Eshu Laroye: amante do dinheiro, guardião dos mendigos e desamparados
Eshu Layé: o que faz justiça
Eshu Lodé: o bruxo que vive a vagabundear pelas ruas
Eshu Marimaiyé: o guardião dos cemitérios
Eshu Masankio: o que ajuda a tomar decisões difíceis
Eshu Meko: o ladrão, gosta de esconder as coisas por pura maldade
Eshu Ni Bakuo: o que guarda todas as pessoas
Eshu Obasin Layé: conhecedor dos saberes políticos e legais
Eshu Oddemasa: o volúvel, que requer atenção constante
Eshu Ojuani Lelé Alaroye: causador de brigas e acidentes
Eshu Okuanda: o que vive no lixo
Eshu Shiguide: o vingativo
Eshu Sibonoku: o que procura os mortos
Eshu Soko Yoki: o que incorpora nos iniciados

Informações retiradas do site Religion Yoruba, disponível em <www.cubayoruba.blogspot.com>.
Tradução e adaptação de Reconstruindo Exu.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Elegua

Representação de Elegua

Na Santeria, também conhecida como Regla de Ocha, encontraremos o culto à entidade Elegua, apresentado como o ocha (orixá) dos caminhos, responsável pelas passagens e por colocar os homens em contato com os outros ochas. É considerado um dos quatro ochas guerreiros da Santeria, juntamente com Ogun, Ochossi e Osun.

Sua aparência assemelha-se à de uma criança, o que o levou a ser sincretizado com o Menino Jesus de Atocha (Niño de Atocha). Entretanto, ao contrário do que os leigos podem pensar, Elegua não é uma criança, mas tão somente possui uma estatura pequena. Na condição de ocha, Elegua nunca poderia ser uma criança, uma vez que ele nunca nasceu.

Representação do Menino Jesus de Atocha

Como em outros casos, Elegua se manifesta de diferentes modos, de acordo com as necessidades e funções:
Elegua Abaile: responsável por encaminhar as oferendas ao seu destino.
Elegua Afrá: responsável por cuidar de casos de doença.
Elegua Agbanukué: guardião dos terreiros.
Elegua Agogo: o que preside a mudança das horas.
Elegua Agongo Ogo: portador do ogó, que usa para atacar ou defender-se.
Elegua Akéru: mensageiro.
Elegua Akesan: o que vem do reino de Oyó.
Elegua Alá Le Ilú: o que tem título de nobreza nas cidades e povoados.
Elegua Alá Lu Banshé: senhor do destino.
Elegua Alaketu: senhor da sexualidade.
Elegua Alaroye Akokelebiyú: o vingativo e mau caráter.
Elegua Añanki: a mãe de todos os Eleguas.
Elegua Awala Boma: o responsável pelas obrigações dos iniciados.
Elegua Awó Bara: o que sustenta o Ifá.
Elegua Aye: o que trabalha com Olokun.
Elegua Bode: guardião que acompanha egum.
Elegua Elegbara: o que controla os sacrifícios.
Elegua Elufé: o ancestral.
Elegua Gogo: senhor da justiça e das dívidas.
Elegua Isheri: senhor do poder das plantas.
Elegua Laye: o justiceiro.
Elegua Manzaquillo: responsável por ajudar em casos de difícil resolução.
Elegua Odara: senhor das transformações.
Elegua Okada: o que se alimenta das sobras das oferendas.
Elegua Opin: responsável pelos limites e fronteiras.
Elegua Oro: senhor das palavras e da comunicação.
Elegua Wara: responsável pelas relações pessoais.

Elegua é representado e firmado por uma pequena escultura a que se chama de carga. Cada Elegua tem uma carga específica, diferente umas das outras. Além disso, Elegua também pode ser representado por uma escultura de aparência humana e pequena adornada por um chapéu de palha.

Carga de Elegua feita de cimento e conchas

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Papa Legba

Imagem de Legba pertencente ao acervo do
Tropenmuseum, em Amsterdã.
<http://nl.wikipedia.org/wiki/Papa_Legba>

O Vodu é um culto sincrético que se desenvolve entre os escravos das colônias francesas no Caribe, como Santo Domingo e Haiti. Suas divindades, equivalentes aos orixás da Umbanda e Candomblé,  são chamadas de loa, ou lwa. No vodu as entidades podem ser representadas por imagens ou de modo simbólico, por meio de desenhos que são chamados de veve, que equivalem aos pontos riscados nos cultos afro-brasileiros.

Papa Legba é um loa, responsável por guardar os portões - e eventualmente abri-los - que separam o mundo dos homens e das divindades. É ele o responsável pela comunicação entre a humanidade e os loas. No Benin, Legba é representado como uma entidade fálica e, por vezes, com chifres.

Altar para Legba, representado como São Lázaro.
<http://www.vodouroots.com/lwa.html>

Em algumas representações surge como um preto velho vestindo vermelho e segurando um cajado ou chaves. Sincretiza com São Pedro ou Santo Antônio. Possui uma contraparte chamada Legba Nam Petro, que é o responsável por guardar os portoes das entidades da linha petro, aquelas de temperamento mais indomável e mais caprichosos. Legba Nam Petro sincretiza com São Lázaro. Tal como Exu, o dia de Legba é segunda-feira e é o primeiro loa a ser homenageado nos rituais.

Veve de Papa Legba


Ponto cantado para Papa Legba. Faixa do disco "The Yoruba/Dahomean Collection: Orishas Across The Ocean":


Abaixo: "Papa Legba", faixa do disco "True Stories" (1986), da banda norte-americana Talking Heads.


Letra:

You'll be, magnet for money
You'll be, magnet for love
You'll feel, light in your body
Now I'm gonna say, gonna say these words:

Rompiendo la monotonia del tiempo
Rompiendo la monotonia del tiempo

It might... might rain money
It might... It might rain fire
Now I'm gonna call,
Gonna call on Legba.
Get yourself a sign
Get your love and desire.

Rompiendo la monotonia del tiempo
Rompiendo la monotonia del tiempo

Singin'

Papa Legba,
Come and open the gate.
Papa Legba,
To the city of camps.
Now, we're your children
Come and ride your horse
In the night
In the night
Come and ride your horse

There is a queen
Of six and sevens and nines
Dust in your garden
Poison in your mind
There is a king
That will steal your soul
Don't let him catch you,
Don't let him get control.

Rompiendo la monotonia del tiempo
Rompiendo la monotonia del tiempo

Papa Legba,
Come and open the gate
Papa Legba,
To the city of camps
Now, we're your children
Come and ride your horse
In the night
In the night, come and ride your horse
In the night
In the night, come and ride your horse
In the night
In the night, come and ride your horse