terça-feira, 30 de setembro de 2014

Exu no Orkut

Imagem de página de comunidade
"Eu atraio os Exu-Cavera", na rede social Orkut.

O dia 30 de setembro de 2014 fica marcado pelo encerramento das atividades da rede social Orkut, depois de 10 anos desde sua criação em 2004. Desde o início de suas atividades a rede social contou com imensa aceitação no Brasil, chegando a abrigar apenas no país aproximadamente 50% do total de usuários no mundo. Além dos perfis pessoais, a rede permitia a criação de comunidades com o intuito de agregar pessoas em torno de interesses comuns. De hábitos e locais preferidos a religiões e orientações políticas, inúmeras comunidades foram criadas e se tornaram um dos grandes atrativos da rede. Em uma época anterior aos memes, muitas comunidades tinham claras intenções humorísticas e se resumiam única e exclusivamente a seu título e variações das piadas que ele pudesse originar. As religiões de matriz africana não foram deixadas de lado e muitas comunidades foram criadas para reunir os seus fiéis.
Uma vez que o sistema de buscas do Orkut limitava a somente 1000 resultados, não se pode saber com certeza o número exato de comunidades dedicadas Exu, mas entre os resultados era possível  encontrar comunidades como "Adoramos o Exu Mirim", "Exu, o mensageiro dos Orixás", "Trabalho com Exu Caveira", "Exu, o amigo especial", "Sou filho (a) de Exu", além daquelas dedicadas aos diversos exus do panteão umbandista. Além dessas, havia ainda aquelas humorísticas ou absurdas, chistes de uma linha só, que podiam atrair menos de uma dezena de usuários àquelas que agregavam milhares. 
Abaixo está uma compilação de imagens tiradas da rede social que mostram algumas das comunidades mais curiosas. Clique sobre as imagens para vê-las em tamanho ampliado.

"Baita EXU"

"Sai exu, vem din din..."

"Emma Watson faz o exú"

"Exú Cambalhota"

"EXÚ NÃO É CARNAVAL"

"Um Exu/PombaGira jah me deduro"

"EXÚ NÃO É O DIABO"

"Exú Dinossauro"

"EXU É CHIC"

"EXU GASPARZINHO"

"Exú Isaac Newton"

"Exu Rei das 7 Lazanhas"

"EXU MSN"

"exú orkuteiro dos sete ejós"

"Exu que passou em minha vida"

"Exu-Pedrêro"

"Super-Homem: Exu americano"

"Exú Tá Bowa"

"Exu Tranca Tese!!!"

"NÃO VIM AQUI DOUTRINAR EXÚ!"

"Pára-raio de EXU"

"Pika Exu"

"Sai do meu orkut, Exú!!!!!"

"sai pra lá Exú sem luz !!!"

"SÓ LIBERO O EXU SE..."

"Wanessa Recebe Exu Caveirinha"


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Exu no 23º Encontro da Anpap



No dia 19 de setembro de 2014 foi apresentado o artigo "A Reconstrução de Exu: análise poética de aspectos do imaginário religioso e popular", durante o 23º Encontro da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas - Anpap, ocorrido nas dependências da Universidade Federal de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte.
A associação foi fundada em  1987 com o objetivo de agregar pesquisadores para divulgação e promoção de investigações no campo das artes visuais. Entre os seus fundadores destacam-se os nomes de Aracy Amaral, Regina Silveira, Silvio Zamboni, Walter Zanini, Diana Domingues e Paulo Herkenhoff. Atualmente a associação conta com membros de todo país, grande parte vinculados a universidades públicas.
O artigo apresentou a pesquisa desenvolvida por Leopoldo Tauffenbach e Alexandre Furtado para o projeto de residência artística "Obras em Construção", da Casa das Caldeiras (São Paulo), que motivou a criação deste site e gerou a instalação apresentada nos meses de julho e outubro de 2013.
O artigo, que integra os anais do evento, pode ser lido neste link. A seguir, fotos da apresentação realizada no auditório do conservatório da UFMG.

Foto de Fabio Oliveira Nunes

Foto de Fabio Oliveira Nunes

Foto de Fabio Oliveira Nunes

Foto de Valéria Favoretto

Foto de Fabio Oliveira Nunes

Foto de Fabio Oliveira Nunes

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Exu nas páginas policiais

Os terreiros de candomblé foram duramente perseguidos e proibidos até a década de 30 do século XX. Alvos constantes de investidas policiais, essas associações sobreviveram e se consolidaram graças, em grande parte, às alianças que souberam firmar e manter. Renato da Silveira arrola dois tipos principais de alianças, além daquela fundamental e interétnica que possibilitou a (re) organização do culto: a aliança com os santos católicos e a aliança com personalidades influentes da sociedade que apoiavam e protegiam os terreiros. 
A aliança com a religião católica foi estratégica para a constituição e sobrevivência dos candomblés, pois, além de favorecer a reunião de negros em irmandades, aproximou o culto africano do culto oficial, o que era visto por alguns como um degrau para a conversão. Igualmente importantes ainda foram os laços firmados com personalidades influentes, simpatizantes dos terreiros. Por essa via, os candomblés tanto se protegeram de perseguições como abriram caminho para uma crescente adoção e aceitação pelo corpo social.

Trechos do artigo Escravidão no Brasil: os terreiros de candomblé e a resistência cultural dos povos negros, de Márcia Sant'Anna. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=419>.

A proibição legal dos terreiros e a perseguição policial fizeram com que eventos relacionados aos cultos africanos tivessem destaque nas páginas policiais de periódicos de todo o país. Além de noticiar operações de flagrante e desmonte de terreiros, interessavam delitos e crimes que tivessem conexão com os cultos, mais ainda se motivados por forças sobrenaturais.
Entretanto, o viés sensacionalista que dominava as matérias daquele período nunca se extinguiu e pode ser encontrado até hoje mesmo em jornais de dita reputação e supostamente imparciais. 
Salvo quando indicado, as matérias reproduzidas abaixo foram retiradas da Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional. Clique sobre as imagens para visualizá-las em tamanho ampliado.

A Noite - 11/10/1936

Última Hora - 31/07/1951

Última Hora - 19/08/1960

Última Hora - 29/07/1961

Última Hora - 30/04/1965

Diário de Notícias - 8/3/1970

Diário de Notícias - 3/12/1974

O Globo - 31/07/2009
http://oglobo.globo.com/brasil/homem-tenta-registrar-bo-contra-exu-e-preso-em-florianopolis-3119456

Folha de S.Paulo - 10/09/2014
Matéria rememorando arquivo do jornal Notícias Populares.
http://f5.folha.uol.com.br/saiunonp/2014/09/1513336-exu-provoca-mortes-e-compra-briga-com-a-imprensa.shtml


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Pombagira na Casa de Velas Santa Rita

Imagem de Pombagira Maria Quitéria da Calunga.

As pombagiras geralmente incorporam em mulheres e dizem vir ao mundo para ajudá-las, apresentando-se às suas médiuns como singulares imagens de femininos que atribuem sentidos às suas vivências pessoais. Essa entidade carrega consigo marcas de sensualidade, erotização e luxúria, sendo comumente compreendida como uma "prostituta sagrada". No entanto, diferente do que a "moral" mais tradicional poderia pressupor, a pombagira é reverenciada e cultuada com destaque por seus fiéis que, em geral, as consideram como uma "confidente" ou, como preferem alguns, uma "psicóloga".

Além de serem uma possibilidade de elaboração de "tipos sociais" femininos marginalizados, as pombagiras possibilitam ainda que o que não era dito seja vivido. Evocam-se o nomadismo e o desapego dos ciganos, a morte e a doença, a sexualidade e o erotismo, a luxúria e a vaidade, de maneira que o que se tenta(va), expurgar a umbanda, inclui em sua sacralidade e entrega a cada emoção o seu lugar.

Muitos são os elementos que nos indicam que a "Pomba" gira em várias direções e parece exalar as mais diversas ascendências. Elabora-se o marginal e discriminado ao fornecer continente a um olhar de si e do "ser mulher" mais dignificante, reiterando sentidos presentemente arcaicos, mas respondendo às urgências de femininos eminentemente contemporâneos.

Trechos do artigo "Os deuses não ficarão escandalizados": ascendências e reminiscências de femininos subversivos no sagrado, de Mariana Leal de Barros. Revista Estudos Feministas vol.21 no.2. Florianópolis: Maio/Agosto, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2013000200005&script=sci_arttext>.

O ensaio abaixo foi produzido em agosto de 2014 na Casa de Velas Santa Rita, em São Paulo. Clique sobre as imagens para vê-las em tamanho ampliado.

Imagem de Pombagira Rainha das Rainhas.

Imagem de Pombagira Rainha das 7 Encruzilhadas.

Imagem de Pombagira Cartomante.

Imagem de Pombagira Gargalhada.

Imagem de Pombagira 7 Chaves e Pombagira Mocinha.

Imagem de Pombagira Maria Quitéria da Campanha.

Imagem de Pombagira Rainha das Rainhas.

Imagem de Pombagira Mirongueira.

Imagem de Pombagira Padilha Rainha.