quarta-feira, 24 de abril de 2013

Reconstruindo Exu

O imaginário religioso brasileiro é fascinante por sua complexidade. Todas as crenças do mundo se encontram aqui.

Na violenta história da formação da cultura brasileira, africanos, europeus e povos indígenas - estes últimos os brasileiros originais - contribuíram para a construção de uma cultura de intercâmbios.
Nos navios negreiros, os homens, mulheres e crianças arrancados violentamente de sua terra natal para serem transformados em escravos foram privados de todos os direitos fundamentais. Mas trouxeram junto com seus corpos seu patrimônio imaterial. Aquilo que homem nenhum pode arrancar de ninguém. Mesmo de maneira clandestina mantiveram vivo este patrimônio, apesar das condições massacrantes dos campos de trabalho forçado das fazendas.

Para esta terra trouxeram Èsù, que hoje conhecemos como Exu.

Ao longo dos séculos, Exu foi se espalhando no Brasil. Das senzalas chegou às metrópoles e às cabeças e corações dos habitantes desta terra. E ganhou inúmeras formas, nomes e histórias. Algumas versões são semelhantes. Outras falam de personagens completamente diferentes, mas que também são chamados Exu.

Exu é, talvez, o personagem mais complexo do imaginário sagrado brasileiro.

Inspirados por sua complexidade e por suas múltiplas materializações, desenvolvemos esta pesquisa que busca reconstruir a imagem de Exu por meio da poética artística.
Nosso interesse não é defender um ponto de vista particular a partir de uma corrente religiosa, mas celebrar por meio de obras artísticas, as muitas manifestações desta entidade e sua importância no contexto da cultura brasileira.

Laroiê.

Alexandre Furtado e Leopoldo Tauffenbach

2 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa, estarei contribuindo e acompanhando este trabalho, que apesar de vocês dizerem artístico, poderá contribuir em muito para desmistificar a imagem dos nossos Guardões da Umbanda.
    Laroiê.

    ResponderExcluir
  2. Caro Arnaldo,
    Obrigado por nos acompanhar e colaborar com o projeto. Nossa preocupação é tratar a imagem de Exu a partir do máximo de referências possíveis. A escolha por não adotarmos um ponto de vista religioso particular é para contemplar a complexidade que vem, justamente, das muitas visões a respeito da entidade. Mas não temos dúvida alguma que, ao final, este projeto terá contribuido com a desmistificação de sua imagem.

    ResponderExcluir