segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Exu na Espanha - parte 1

Até o início do século XIX, a Espanha ocupava a maior parte do território do continente americano. Logo no início do processo de conquista, diante das dificuldades de se escravizar a população nativa, a Coroa Espanhola autorizou às colônias a importação de mão de obra escrava da África. Embora a Espanha tenha sido responsável por apenas 4% do trânsito  da África às Américas, foi o principal consumidor dos aproximadamente 10 milhões de escravos que aportaram no continente, traficados em grande parte pela Inglaterra e Portugal¹. Embora em números infinitamente menores, a presença de escravos na Espanha peninsular também deve ser considerada.

Passado mais de um século após a independência das colônias, a Espanha hoje abriga uma população de mais de 5 milhões de estrangeiros; mais de 10% de sua população total. Destes, a maioria é composta por latino americanos, segundo dados oficiais de 2013². Obviamente, a presença estrangeira implica também na presença de bagagens culturais trazidas por estes diferentes povos. Em Madri, capital da Espanha, as diversas lojas de artigos religiosos voltados a cultos como a Santeria e Umbanda atendem as necessidades de seus devotos, fornecendo materiais necessários à realização de cultos e rituais.

O ensaio abaixo foi realizado na loja El Alquimista (http://www.alquimista.es/), situada próximo à Plaza Mayor, um dos principais cartões postais de Madrid. Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior.

Literatura para Quimbanda.

Imagem de Elegua com chapéu de palha.

Imagem de assentamento de Elegua.

Imagem de Elegua montado.

Guias de Elegua.

Artigos para rituais de Pombagira.

Velas em formato de crânio para trabalhos com Exu e Santa Muerte.

Imagens de exus e pombagiras.

Caldeirão com garfos de Exu.

Velas em formato fálico para trabalhos com exus e pombagiras.

Imagens de exus e pretos velhos.

Imagem do Exu Capa Preta e Exu Tatá Caveira.

Sabão ritual para trabalhos com Pombagira.

Velas para rituais de Exu.

¹ ELTIS, David; BEHRENDT, Stephen D.; RICHARDSON, David. A participação dos países da Europa e das Américas no tráfico transatlântico de escravos. Revista Afro-Ásia. n. 24. Salvador: UFBA, 2000. Disponível em: <http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n24_p9.pdf>.
² INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. Cifras de Población a 1 de enero de 2013 – Estadística de Migraciones 2012. Madrid, 2013. Disponível em <http://www.ine.es/prensa/np788.pdf>.

3 comentários:

  1. Engraçado como o falo/pênis não tem no Brasil, não em São Paulo pelo menos, eu nunca vi... seriam os portugueses mais moralistas que os espanhóis? ou melhor, o que sobrou de portugueses e espanhóis...

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  2. Olá, Valéria!
    Ao menos nas investigações realizadas em lojas de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, não foram encontradas velas com formato fálico. Por outro lado, é comum encontrarmos representações de Exu com o falo destacado. Sobre a questão do moralismo, a questão é mais complexa, até porque os exus e pombagiras representam, por natureza, a liberdade sexual em oposição às posturas moralistas. E isso se manifesta em muitos rituais de esquerda. Mas vale lembrar também que entre outras coisas, a sexualidade dos negros também era objeto de repressão. Vale lembrar todas as manifestações pela criminalização das danças e ritos dos africanos justamente por seu aspecto sensual.
    Por fim, vale apontar que nessas lojas não existem somente velas com formato fálico, mas também velas com formato da genitália feminina. Infelizmente não foi possível tirar fotos com resultado satisfatório, mas podemos ter um exemplo no link abaixo:
    http://www.velasduranyalfonso.es/tienda/productos-esotericos-velas-esotericas/444-vela-vagina-85-x-85-cm.html

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  3. Sou paraense e umbandista em Belém do Pará e é muito comum velas no formato de pênis em várias lojas na capital do estado. No interior a repressão é bem maior.

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